Domingo, 4 de maio de 2025


Dom Quixote e moinhos

Em um marco de seus 35 anos, a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil passa a se chamar Associação Brasileira dos Municípios Mineradores - AMIG Brasil. A mudança representa a consolidação da entidade como referência nacional na defesa dos interesses dos municípios mineradores e dos territórios impactados pela atividade mineral em todo o país.


Moinhos de vento

Criada em 1989, em Minas, para garantir os direitos dos territórios minerados na regulamentação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral - CFEM, a associação expandiu sua representatividade ao longo das décadas. O crescimento culminou, em 2018, na inclusão do termo “do Brasil” ao nome da entidade, que se tornou Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil. 

O empresário, mecenas e curador da mostra, Romero Pimenta, na abertura das exposições, "Nos Limites da Forma e Lorenzato – A Simplicidade da Beleza",  no Museu Inimá, ao lado de belas como Cris Carneiro, Cláudia Sabino e Carina Tuyama 
Legenda: Edy Fernandes

Moinhos de ferro

Agora, a AMIG Brasil reafirma sua presença nacional e fortalece sua atuação como porta-voz do lado público na mineração. A nova fase foi anunciada, recentemente, durante a 59ª Assembleia Geral da associação, realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília. O presidente da AMIG Brasil e prefeito de Itabira (MG), Marco Antônio Lage, destaca o caráter estratégico da mudança.


Moinhos Gerais

“Seguiremos discutindo os grandes temas da mineração no Brasil e defendendo os direitos dos municípios que convivem diariamente com essa atividade e seus impactos econômicos, sociais e ambientais. A presença cada vez mais frequente da AMIG em Brasília mostra nosso compromisso em influenciar políticas públicas e assegurar a sustentabilidade do setor”, afirmou.

Marcando presença nas mesmas exposições, o curador do Instituto Inhotim, Junio César, ladeado por Juliana Sicoli e Raquel Rodrigo 

Legenda: Edy Fernandes


Moinhos e Minas

A vice-presidente da AMIG Brasil e prefeita de Canaã dos Carajás (PA), Josemira Gadelha, reforçou: “Precisamos estar organizados e representados para garantir que os recursos oriundos da mineração sejam aplicados de forma eficiente e justa. Enfrentamos desafios diários nas áreas da saúde, educação, habitação e infraestrutura. A união entre municípios minerados e mineradoras é essencial”.


Moinhos Nacionais

As cidades mineradoras e afetadas perfazem 4% do PIB nacional e 10% da balança de exportação brasileira. Atualmente, a AMIG Brasil representa 56 municípios de oito estados brasileiros, que respondem por cerca de 86% da produção mineral nacional. Esse crescimento reflete o reconhecimento da entidade como articuladora fundamental, em um cenário em que os desafios do setor exigem diálogo constante com o Congresso Nacional e os governos federais e estaduais.


Moinhos Coloniais

“Muito foi conquistado desde os tempos do Brasil Colônia, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Precisamos de uma legislação mais justa e de uma fiscalização mais eficaz. Os municípios assumem o protagonismo nessa luta, buscando uma mineração que respeite a população, o meio ambiente e que de fato traga benefícios duradouros para todos”, concluiu Marco Antônio Lage.


Moinhos Atuais

Marco Antônio Lage e Josemira Gadelha estão soterrados de razão e desejamos à dupla muita coragem, força e determinação nessa guerra. Vejam estes números: em 2024, segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, o Rio de Janeiro recebeu pelo royalty do petróleo, que é explorado no mar sem danos ao território fluminense, R$ 25,9 bilhões. Minas Gerais, por todos os insumos minerais, apenas R$ 3,3 bilhões, segundo a Agência Nacional de Mineração. Absurdo! Injusto! Cruel! Sadismo! Exploração!

Nosso amigo, o presidente da AMIG Brasil e prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage, a quem desejamos sorte, coragem, armadura, escudo e lança de aço para nos proteger. Foto: Robson Oliveira


Moinhos ressuscitados

E já que o assunto é mineração, é bom apurar esta notícia num novo mundo cercado de mentiras por todos os lados, mas lembrando que, onde tem fumaça, tem fogo na Amazônia e no Pantanal como nunca antes na história deste país. O Parque Estadual da Serra do Rola Moça está ameaçado por projeto minerário disfarçado de “descomissionamento”. A seguir, os detalhes mórbidos.


Moinhos assombrados

“A Serra do Rola Moça está novamente sob grave ameaça. Um projeto da Mineração Geral do Brasil S.A. - MGB, apresentado como obra de “infraestrutura para descaracterização de barragens”, pode reabrir a retomada da atividade minerária em pleno coração de uma das mais importantes Unidades de Conservação de Minas Gerais, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça – PESRM”.


Curtas & Finas

*“Será o Benedito da verdade e de verdade?”. A empresa insiste em dizer que a estrada será utilizada para escoar materiais da desativação de barragens.

Documentos oficiais comprovam que o objetivo final é a volta da mineração na Mina Casa Branca, atividade incompatível com a legislação ambiental vigente.

A estrada em questão, de cerca de três quilômetros, corta diretamente áreas sensíveis do Parque e da sua zona de amortecimento. 

O projeto prevê mais de 2.000 viagens de caminhões de 35 toneladas por mês, durante cinco anos, operando sobre leito natural e trecho asfaltado em área de altíssimo valor ecológico e paisagístico.

O Parque Estadual da Serra do Rola Moça é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, com 4.000 hectares de Cerrado, Mata Atlântica e Campos Rupestres Ferruginosos. 

É a terceira maior unidade de conservação urbana do país, abastece mananciais de Belo Horizonte e abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.

O território integra a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida pela UNESCO.

E está na APA Sul da RMBH, sendo classificado como área de importância biológica extrema e prioritária em conservação.

A manobra: “descomissionamento” como pretexto. A empresa MGB firmou um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC que proíbe lavra de minério.

Mas em documentos oficiais do processo SEI 1370.01.0006970/2021-66, a própria mineradora declara que o transporte previsto na estrada faz parte da “retomada da atividade minerária”.

Ou seja, o TAC é apenas uma fachada para obter anuência institucional e apoio de conselheiros do Parque. 

Essa contradição demonstra que a MGB está tentando burlar a proibição legal de mineração dentro de uma Unidade de Conservação, usando instrumentos administrativos e ambientais de forma indevida.

Além disso, o licenciamento ambiental da Mina Casa Branca já foi alvo de parecer técnico recomendando o indeferimento da Licença Prévia (PU SIAM 0409747/2020), justamente pelas inconsistências do projeto e seus riscos ambientais.

Bom, a notícia já está rolando na web. Agora é a vez de quem?