Domingo, 12 de janeiro de 2025


Na retrospectiva de quem fez e aconteceu no ano que passou, José e Jussara Raimundo Santos. Foto: Arquivo Pessoal

Selva de Pedra

Janeiro, com Belo Horizonte mais tranquila, trânsito civilizado graças às férias escolares, é o mês inicial e ideal para novas ideias. Para reciclar velhas também. Por ser uma jovem cidade, BH tem um pecado capital grave: quase não temos patrimônios históricos em forma de arquitetura. Entre as raras exceções, estão a Praça e o Palácio da Liberdade que, finalmente, começam a ser valorizados e utilizados como espaços de entretenimento. 

Selva Pelada

Sem praia, mar, rio, “história”, etc., como tornar BH uma cidade atraente, turística, já que bares e restaurantes qualquer grande cidade tem? Sim, o Carnaval já deslanchou e o Réveillon começa. Mas são apenas duas datas no ano. O que podemos criar de original, de diferente, em BH, algo que nenhuma outra cidade ofereça, para atrairmos “vi$itante$?

Selva de Água

Como podemos reutilizar a Pampulha, por exemplo? Uma solução seria, através de um transporte público decente e veloz, trazê-la para “dentro de BH”. Ir até lá é uma viagem feia. E com a severa Lei Seca, ninguém tem coragem de deixar o conforto da zona sul para tomar umas cervejinhas na bucólica Pampulha, correndo o risco, no mínimo, de receber altíssimas multas. 

Selva Arrasada

Faltam mesmo é criatividade, trabalho e vontade aos nossos administradores. O Centro de BH começa a dar sinais de vida, mas tudo é muito lento. A primeira coisa que deveria ser feita e incentivada é a recuperação/restauração de velhos prédios na Afonso Pena e arrabaldes. Um banho de loja, arrancando as horríveis placas e “dentaduras de alumínio”, com fins comerciais. A segunda coisa é devolver e multiplicar o verde, com centenas, milhares de árvores.

Selva Urbana

“A vegetação existente nas cidades é mais conhecida como arborização urbana, mas pode também ser chamada de floresta urbana, um conceito mais amplo que engloba toda a cobertura vegetal situada dentro do perímetro urbano. Tecnicamente, a arborização urbana é dividida em áreas verdes e arborização de ruas e avenidas”. 

Selva Moderna

“Exemplos de áreas verdes urbanas: praças; parques urbanos; parques fluviais; parque balneário e esportivo; jardim botânico; jardim zoológico; alguns tipos de cemitérios; faixas de ligação entre áreas verdes. Entre os vários benefícios que as áreas verdes podem trazer ao convívio nas cidades, podemos citar, os mais óbvios como controle da poluição do ar e acústica”

Selva Querida

“Aumento do conforto ambiental; estabilização de superfícies por meio da fixação do solo pelas raízes das plantas; interceptação das águas da chuva no subsolo reduzindo o escoamento superficial; abrigo à fauna; equilíbrio do índice de umidade no ar; proteção das nascentes e dos mananciais; organização e composição de espaços no desenvolvimento das atividades humanas”.

Selva Organizada

“Valorização visual e ornamental do ambiente; recreação e diversificação da paisagem construída”. Já repararam como tem viaduto; prédio feio e/ou abandonado no Centro de BH, prédios sem o mínimo valor histórico ou arquitetônico? Que sejam todos implodidos e, no lugar deles, praças e parques com muito verde e arte, duas coisas que atraem outra mina de dinheiro: comércio de qualidade.

Selva Iluminada

E o Centro de BH à noite? É um troço de tanto desperdício! Mesmo a Praça da Savassi, nem tão distante, deveria seguir o exemplo a seguir. Peguemos, por exemplo, a enorme e inútil Praça da Estação. E se fosse cercada e recheada por bares, restaurantes e lojas? E uma coisa puxa outra. Lugares decadentes têm tudo para ressuscitarem. O Rio de Janeiro fez isso, no Centro, na Lapa. Até Paris já precisou fazer o mesmo, na velha, abandonada e feia Bastilha que, depois da nova Ópera, hoje é um dos bairros mais boêmios da linda capital francesa.


Andarilhos do Belvedere no capítulo saúde: Marco Antônio Almeida, Ângela e Luiz Otávio Mourão e José Raimundo Santos. Foto: Arquivo Pessoal

Curtas & Finas

*Cidades belas e turísticas não nasceram prontas, foram se adaptando, se aprimorando, improvisando, arriscando, testando e ousando.

Continuemos a imaginar o Centro de BH, mesclando, harmoniosamente, novos e lindos prédios com praças e parques dignos deste nome.

Imaginem quanta gente gostaria de morar num Centro assim, bonito, atraente, seguro e repleto de opções.

Vamos imaginar e viajar mais. Um centro repleto de esculturas monumentais que, escapando da área, se espalhassem em corredores por toda a cidade.

E um sistema de VLT que ligasse, em poucas e boas estações, o mesmo Centro à Contagem, Betim, Pampulha e claro, ao aeroporto internacional?

A exemplo da Praça da Estação, que tal explorar, com educação, civilidade e sustentabilidade o Parque Municipal, com quiosques, bares e mesas comunitárias?

Claro que tudo isso não se faz da noite para o dia, mas para acontecer, um dia, alguém tem que dar o primeiro passo. Boas ideias são tão contagiantes quanto epidemias.

E mais, se os governos derem a infraestrutura, tenham certeza que a iniciativa privada não vai perder esta chance.

Ou então, deixem BH como sempre foi, uma cidade dormitório para ganhar dinheiro e gastar no Rio ou em outras praias e plagas.