Paulo Navarro | Entrevista com Nicola Sanchez


Entrevista com o engenheiro de telecomunicações Nicola Sanchez. Foto: Arquivo Pessoal

Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Traduzido pela Inteligência Emocional, o título pergunta: “Quem Tem Medo da Inteligência Artificial? ”. Nicola Sanchez não tem. Muito pelo contrário, ele “fecha a porta da geladeira da IA com o pé”. A cabeça, sua inteligência natural, ele usa para mil outras ações e funções. Com mais de 20 anos de carreira, Sanchez é conhecido nacional e internacionalmente por ações inovadoras que fogem de polêmicas e até dos delírios e paranoias do Cinema, por exemplo. Como sua Matrix GO ele domina o assunto e, pioneiro, há muito descobriu que a tão falada e pouco compreendida Inteligência Artificial veio para o bem e para ficar. Não apenas para o setor de Telecomunicações, mas para todos os que buscam o futuro, hoje. E fiquem tranquilos! Sanchez jura que “máquinas e robôs não vão dominar o mundo nem se sobrepor a onipresença humana nossa consciência, razoabilidade e discernimento nos destacam em comparação à inteligência artificial. Por mais avançada que a IA esteja se tornando, ainda não vi nenhuma que reproduza fielmente toda a capacidade cognitiva dos seres humanos”. Então trate bem do teu robô, é ele que vai cuidar de você ou escolher tua casa de repouso. Leia a entrevista completa!

Nicola, você já “nasceu” engenheiro de Inteligência Artificial ou antes passou por outra especialidade da engenharia?

Fui Engenheiro de Telecomunicações, o que me capacitou entender a fundo o setor de tecnologia, seu potencial e, em especial, as principais “dores” dos usuários de um provedor e operadora. Com essa bagagem prática e teórica, migrei para a Inteligência Artificial, após enxergar o potencial que essa tecnologia já carregava na época, não apenas para o setor de Telecomunicações, mas para todos os que buscavam maior eficiência operacional, escalabilidade e consistência.

Além de engenheiro de IA, é neurocientista e psicanalista? O que estas áreas têm em comum?

A neurociência e a psicanálise se autocompletam. Os estudos do funcionamento do cérebro humano embasam e corroboram teorias novas e antigas da psicanálise. Acredito que, se os estudiosos antigos da psicanálise tivessem acesso a base de conhecimentos, de hoje, da neurociência, com certeza os teriam usado para testar suas hipóteses. Descobertas e estudos de uma ou outra área são discutidos entre seus pares e testadas entre si, fomentando teorias e comprovações cada vez mais sólidas. Em relação à Inteligência Artificial, ora, se a mesma tem como foco “imitar” e prever o comportamento humano, nada mais natural do que entender esse comportamento a fundo, de forma a configurar a automação com base na intenção do usuário/interlocutor.

Você é CEO da empresa de tecnologia Matrix GO, especializada em Chatbots e Voicebots. Mas o que é exatamente tudo isso?

Os Chatbots e Voicebots são ferramentas de texto e áudio (respectivamente) desenvolvidas sob tecnologias de inteligência artificial e PLN (Processamento de Linguagem Natural) para que interajam automaticamente com usuários. Sua aplicabilidade é diversa, podendo ser empregada em centrais de atendimento e SACs, bem como integrados a processos de qualificação e vendas. Aqui na Matrix Go, através de nossa solução “Chatbots & IA” os disponibilizamos de forma que nosso cliente possa intuitivamente construir fluxos automatizados à sua maneira, de forma rápida e sem conhecimento de programação, interagindo e se relacionando melhor com seus usuários e clientes.

Este “tudo isso” te levou para muito além do mercado nacional?

Sim. A demanda pelo emprego de inteligência artificial, e em especial, pela automação de processos, é crescente. Note que nunca se falou tanto sobre IA e automação como agora. Tal tendência foi antecipada por nós (e demais especialistas) há alguns anos: entendemos que a tecnologia se tornaria forte aliada, não apenas de pessoas físicas, mas também de empresas em busca de maior eficiência, otimização de custos, aumento das vendas…e isso nos levou (e vem nos levando) a uma recepção positiva do mercado nacional, bem como de outros países, tais como Argentina, Paraguai, Colômbia e EUA.

Quem tem ou deve ter medo da Inteligência Artificial?

Ninguém. Há grande desinformação e uma tendência à polêmica sobre o assunto, que é permeado por visões estereotipadas e muitas vezes influenciadas até mesmo pela indústria do cinema. Máquinas e robôs não vão dominar o mundo nem se sobrepor a onipresença humana, nossa consciência, razoabilidade e discernimento nos destacam em comparação à inteligência artificial. Quem trabalha de perto com a IA consegue enxergar tais limitações. Temer também a substituição completa da mão de obra humana pela máquina me parece exagerado. O que vemos é uma transformação na lógica de trabalho que se torna cada vez menos operacional e mais estratégica e informacional.

Pode falar sobre suas estratégias de crescimento ou é segredo?

A Matrix Go segue alerta às novas tendências e novidades do mercado. Trabalhar com tecnologia é fazer apostas embasadas no que você considera ser relevante ou ter potencial mercadológico no futuro. Nem sempre a gente acerta (nem mesmo feras da tecnologia como o Mark Zuckerberg), mas o caminho e o aprendizado são recompensadores. Nossa aposta é na fluidez e humanização cada vez maior da automação, com foco em Chatbots cada vez mais inteligentes (abraçando a IA generativa do ChatGPT ou Gemini), Voicebots mais interativos e tecnologias de desenvolvimento de assistentes virtuais cada vez mais próximos à figura humana, como o MHA (Matrix Human Assistant).

E a gestão estratégica e a administração de empresas? Têm segredos e mapas?

Sem dúvidas! Sou um forte defensor de uma gestão comportamental e humanizada. Gerir negócios é gerir pessoas. E esse ativo, altamente complexo e individualizado, necessita de constante atenção e motivação. É preciso compreender o que querem nossos liderados, afinal cada um possui anseios diferentes, seja salário, progressão de carreira, liberdade de horários, etc. E dentro do possível, buscamos atender tais desejos de forma a produzir muito mais pertencimento, motivação e engajamento no trabalho. Mais do que isso, buscamos desenvolver programas de acolhimento psicológico e incentivo às práticas esportivas. Cuidar da mente e do corpo não é apenas saudável, mas propicia um time mais feliz e produtivo.

O comportamento humano é a base para o comportamento artificial? Modelo ou cobaia?

A inteligência artificial é programada para “imitar” o comportamento humano e ao mesmo tempo, prevê-lo. Evidentemente existem limitações. Por mais avançada que a IA esteja se tornando, ainda não vi nenhuma que reproduza fielmente toda a capacidade cognitiva dos seres humanos. Mas sim, através da PLN (Processamento de Linguagem Natural) que reconhece níveis morfológicos, sintáticos e semânticos de um diálogo e até mesmo, leituras faciais e corporais. A IA consegue interpretar e interagir com usuários, reproduzindo o comportamento tipicamente humano.

Rapidamente, o que encontramos em seu livro, “Neurobusiness O Poder da Neurociência aplicada à Gestão de Negócios de Alta Performance”?

Busco solidificar e aprofundar o conceito de “Neurobusiness” que tem se tornado o queridinho dos negócios. De fato, um tema com grande potencial de transformação e aplicabilidade. A união dos conceitos da Neurociência aplicados aos negócios e às organizações. Destaco o papel dos gestores e lideranças na tomada de decisões, no trabalho em equipe, nas contratações e na gestão estratégica em si, com foco no cliente.

E no outro, “Hackeando o Comportamento Humano”?

“Hackeando o Comportamento Humano” é um mergulho na compreensão de “porque agimos como agimos” no ambiente corporativo através de um viés neurocientífico. Exploro os 16 tipos de personalidade descritas pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, com um foco comportamental no processo de seleção/contratação, na execução de tarefas e nas áreas de atuação. Também apresento dicas valiosas para lideranças, dicas que apliquei e venho aplicando ao longo de minha carreira como gestor e CEO abordando tópicos como motivação, acolhimento, burnout, entre outros.