Paulo Navarro | Entrevista com Elias Bachá
Os três sócios no "Coco Bambu" em Minas, Fernando Costa, Ricardo Caixeta e Elias Bachá, nosso entrevistado de hoje. Foto: Arquivo Pessoal
Praia nas Montanhas
Assim com o cliente, aqui, o entrevistado tem sempre razão. Elias Bachá pediu que a foto mostrasse também seus sócios em Minas. Então, eis Fernando Costa, Ricardo Caixeta e, claro nosso “profeta”, Elias. Sim, ele mesmo, o cearense Elias Bachá que, em 2025, comemora os sete anos da chegada do Grupo Coco Bambu a Minas Gerais. A primeira unidade foi inaugurada no Anchieta Garden Shopping, na região centro-sul de Belo Horizonte. De lá para cá, o crescimento foi exponencial: hoje são sete unidades no estado — cinco na capital, uma na região metropolitana e uma no interior. À frente da operação desde o início, Elias consolidou a marca como referência em frutos do mar em um estado sem litoral, vencendo desafios logísticos e conquistando o paladar dos mineiros. Para quem busca uma experiência ainda mais sofisticada, Elias comanda também o “Vasto Restaurante”, marca premium do grupo, com inspiração nos grandes restaurantes de Nova York. Na entrevista, os bastidores dessa trajetória de saboroso sucesso. Entrevista que, confessamos, nos deixou babando de vontade por alguns quilos de camarão. Bom apetite a todos e bem-vindos à praia gastronômica de Minas.
Elias, o caminho de Ceará até Minas foi longo ou saboroso?
Eu já fazia parte do Coco Bambu há dois anos quando surgiu a oportunidade de liderar a expansão da marca em Minas Gerais, ao lado dos meus sócios locais, Fernando Costa e Ricardo Caixeta. A ideia era trazer o conceito do grupo gastronomia de excelência com foco em frutos do mar para um mercado exigente e acolhedor como o mineiro.
O que o Ceará tem que BH não tinha? O Coco Bambu?
Camarão! A gente sabe que existem produções de camarão de água doce de qualidade aqui em Minas, mas o padrão Coco Bambu tem de ser seguido de norte a sul do país. Ademais, outros frutos do mar têm um controle de qualidade ainda mais estrito, dificultando a produção em águas interiores. Então, como BH não pode ir aos frutos do mar, os frutos do mar vêm a BH nadando no Coco Bambu.
Por que este nome tão “enigmático”?
O nome Coco Bambu surgiu em 2001, quando Afrânio e Daniela Barreira inauguraram o primeiro restaurante da rede em Fortaleza (CE), após o sucesso da pastelaria Dom Pastel, fundada em 1989. O nome foi escolhido por refletir a atmosfera praiana e tropical do novo estabelecimento, combinando elementos naturais como o coco e o bambu, que remetem à culinária e à decoração do local. O nome buscava transmitir uma identidade que evocasse a natureza e a cultura nordestina, alinhando-se à proposta do restaurante de oferecer uma experiência gastronômica sofisticada e acolhedora, com pratos bem servidos e ambiente elegante.
Você está à frente da operação desde a chegada da rede a Minas. Como sua trajetória o trouxe às Gerais?
Em julho de 2018, abrimos a primeira unidade e a aceitação foi imediata. Esse sucesso nos motivou a crescer. Hoje, temos unidades no BH Shopping, Minas Shopping, Shopping Del Rey, Itaú Power Shopping, Shopping Estação e em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. E fazemos questão de manter sempre um dos sócios, presente, durante toda a operação, estreitando laços com os clientes e garantindo a qualidade da experiência.
O que mudou ou teve de ser adaptado, desde o início da atuação do grupo em Minas Gerais?
Quando abrimos em 2018, era uma proposta inovadora para a cidade. Frutos do mar com alto padrão de qualidade, atendimento diferenciado e um ambiente que une sofisticação e conforto. Começamos com 200 colaboradores. Hoje, geramos mais de 700 empregos diretos e indiretos. A expansão veio acompanhada de muito aprendizado, mas sempre mantendo o compromisso com a excelência.
Por exemplo...
Recebemos cerca de 80 mil clientes por mês. Só de camarão, são consumidas 84 toneladas por ano. Nosso cardápio tem mais de 200 opções, que incluem frutos do mar, carnes, aves e pratos vegetarianos. Realizamos mais de mil eventos por ano, casamentos, formaturas, convenções sempre com isenção de aluguel do espaço, cobrando apenas pelo consumo.
Mineiro adora uma isenção, correto?
Isso também é parte do nosso diferencial e ajuda na decisão do cliente de trazer eventos para cá. Outro ponto muito importante são as brinquedotecas, hoje disponíveis em todas as nossas operações, elas são um grande atrativo para famílias com crianças.
Manter a qualidade dos frutos do mar em um estado sem litoral é um desafio. Como isso é feito na prática? É tipo um “milagre dos peixes”?
Esse é um dos nossos maiores compromissos. A operação logística é altamente estruturada. Trabalhamos com fornecedores de confiança e processos rigorosos de transporte refrigerado, controle de temperatura e conservação. Os insumos vêm de diferentes regiões do país, com prazos e cuidados específicos para que tudo chegue fresco às nossas cozinhas.
E a parte “humana”?
Temos nutricionistas acompanhando todas as etapas e uma equipe treinada para manipular esses ingredientes da forma correta. O controle de qualidade é permanente, e a presença da diretoria em todas as unidades nos permite correções em tempo real. É assim que conseguimos entregar uma experiência padronizada e segura, mesmo a mais de 500 km da costa.
Outra raridade, agora, na cada vez mais rara boa mão de obra. Como o time é preparado para entregar uma experiência gastronômica alinhada aos altos padrões da marca?
A cadeia de profissionais é extensa e muito bem integrada. Começa com os fornecedores e passa pela equipe de recebimento, armazenagem, cozinha e atendimento. Nossas nutricionistas supervisionam a escolha e o manuseio dos ingredientes. Os cozinheiros são treinados para manter a padronização dos pratos. As equipes de salão são responsáveis por garantir que a comida chegue à mesa com a apresentação e a temperatura ideais. Temos treinamentos contínuos, alinhamentos semanais e auditorias internas. A cultura da excelência é mantida com disciplina e muito acompanhamento.
Você também comanda o “Vasto Restaurante”, marca premium do grupo. Como ele se diferencia do Coco Bambu?
O “Vasto” é uma proposta diferente, voltada para quem busca uma experiência gastronômica mais sofisticada. Ele também está no Anchieta Garden Shopping e se inspira nos grandes restaurantes de Nova York. O cardápio é baseado em carnes britânicas de alta qualidade, cortes de Wagyu que é a joia da casa e pratos com influência japonesa. A trilha sonora é jazz ao vivo, diariamente. É um ambiente mais intimista, ideal para jantares especiais, reuniões de negócios ou encontros mais reservados. O padrão de qualidade é o mesmo, mas a experiência é pensada para um público que busca exclusividade e sofisticação.
E por que “Vasto”?
O nome “Vasto” nasceu de uma imersão criativa e sensorial em Nova York, onde buscamos referências, tendências e experiências que pudessem ser traduzidas para o público brasileiro de forma única. Dessa jornada, surgiu a ideia de criar um restaurante com conceito amplo e contemporâneo que unisse gastronomia de excelência, momentos especiais e música ao vivo todos os dias.
Capricha aí, Elias, cabe mais em “Vasto”...
Mais do que um nome, “Vasto” carrega um significado profundo: representa amplitude, diversidade e riqueza de experiências. É um espaço pensado para acolher encontros entre amigos, celebrações em família e conexões regadas a sabores marcantes e boa música. Um lugar onde cada detalhe foi pensado para ser, verdadeiramente, vasto.
Quais são os planos para Minas Gerais?
Seguimos atentos ao mercado e abertos a novas oportunidades. Nosso foco é consolidar as unidades atuais e garantir que todas operem com excelência. Também estamos atentos às novas demandas do consumidor mineiro, que é cada vez mais informado. Temos muito orgulho da relação que construímos aqui. Queremos continuar crescendo com responsabilidade, mantendo a essência do grupo: boa comida, ambiente agradável, serviço de qualidade e acolhimento. Esse é o segredo que nos trouxe até aqui e é o que nos guiará daqui pra frente.