Sábado, 3 de fevereiro de 2024


Para amenizar o árido tema de hoje, Fúlvia Jávare. Foto: Edy Fernandes

Triste Paisagem

Enquanto não se resolve o tráfego assassino de caminhões de minério, na BR 040, entre Congonhas e BH, a concessionária O40 poderia, no mínimo, cuidar da sinalização sobre o asfalto. Esta semana, diante de um mais dilúvio, não se visualizava nenhuma faixa ou “olho de gato”.

Paisagem Escura

Zero! Falta de respeito com o usuário que paga pedágio. Idem a quem concedeu e não cobra. Inaceitável também a mesma não manter a iluminação da rodovia no trecho de Alphaville até BH. Pelo menos metade dela não funciona.

Escura e Invisível

Falando em faixas, pena que a recuperação delas, pela PBH, foi interrompida, em trechos da avenida do Contorno, Afonso Pena próximo a Praça Milton Campos e demais locais de grande fluxo. Coisa que deixa o motorista desorientado, afunilado.

Invisível e Indizível 

Lemos em “O Fator – Apuração – Informação – Opinião”. E o “trecho da morte” entre Nova Lima e Conselheiro Lafaiete, na BR-040, espécie de palco fúnebre, onde apenas entre 2020 e 2022, cerca de 160 vidas (por ano) deixaram este planeta?

Indizível e Inominável

A degradação da estrada e o perigo de carretas de minério, com toneladas do material, trafegando em “voo cego” ao lado de automóveis e motocicletas, a origem – e a culpa – foi o surgimento e o crescimento da exploração mineral na região.

Inominável e impensável

Mineração legal, planejada e estruturada, é fundamental para a economia mineira e para a vida. A necessidade de retirar os caminhões de minério da 040 é consenso. O problema é que alguns compromissos, aparentemente, não foram executados.

Impensável e Possível

Desde 2012, a Vale ficou de executar uma via paralela para retirar as carretas. Reuniões foram realizadas e compromissos assinados com a intermediação do Ministério Público. Contudo, a estrada não existe e o capiroto faz o que quer no local.


Para suavizar o triste tema da coluna, Luísa Carneiro. Foto: Edy Fernandes

Possível e Desejável

Diante da inanição do Poder Executivo, mais uma vez, sobrou para o MP assumir o papel de interlocutor. Não basta o simples recapeamento da pista. Isso somente irá beneficiar o causador dos danos. E o Direito brasileiro não acolhe a torpeza em benefício próprio.

Desejável e Recuperável

É preciso recuperar a BR-040, mas também construir uma “estrada privada” para as carretas de minério e trevos de acesso às cidades altamente impactadas (Moeda, Belo Vale e Congonhas). Moeda é a que está em pior situação: a cada acesso uma verdadeira ‘roleta russa’ ao volante”.

Recuperável e Viável 

Se tudo correr bem desta vez, com o MPMG, do Procurador-Geral de Justiça, Jarbas Soares Jr., a “roleta russa” tem data e hora para perder sua munição letal. Oito prefeituras e 10 mineradoras estão sentadas à mesa do Compor (Centro Estadual de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica).

Viável e Realizável

Compor é um órgão do Ministério Público mineiro, conhecido pela celeridade e eficiência de seus processos de intermediação – desde sua criação, em 2021, houve redução de cerca de 70% no prazo para a resolução de conflitos - para um acordo histórico.

Realizável e enfim

O projeto prevê a imediata construção de uma via paralela à BR-040, com 54 quilômetros, que retirará cerca de 1.5 mil carretas, por dia, de circulação. Além de evitar tantas mortes, como já exposto acima, interrupções por acidentes, que chegam a dez, doze horas de paralisação nos dois sentidos da BR tendem a diminuir sobremaneira.


Para sermos mais otimistas, Sabrina Bartonelli. Foto: Edy Fernandes

Curtas & Finas

*As mineradoras fazem nenhum favor à população das cidades impactadas ou a quem trafega pelo local.

Apenas cumprem obrigações assumidas num passado não muito distante e até hoje não cumpridas.

Os prefeitos estão de parabéns, pois finalmente poderão eliminar um problema de décadas.

É louvável o trabalho do MPMG se, de fato, a tão sonhada via paralela sair do papel e ganhar a realidade do nosso cotidiano.

Os envolvidos (procuradores, promotores etc.) poderão dormir em paz com a certeza do dever cumprido.

Vivas aos vigilantes atentos e críticos ácidos do Poder Público, que levam fatos relevantes como esse ao conhecimento de todos.

E levam, por mera questão de justiça e honestidade intelectual.

Dando certo e a “via paralela” saindo do papel, prometemos voltar ao assunto, dando os devidos créditos a quem merece.

Próximo capítulo: O Parque Linear.