Dolce Vita | sábado, 3 de setembro de 2022

A princesa Cris Carneiro, nos jardins de suas irmãs, as flores. Foto: Arquivo Pessoal

Soluções e opções

Quem não tem cão, caça com gato. Quem não tem Televisão séria, de verdade, caça com Netflix e similares. Mas ninguém vive de filmes e séries. A solução é apelar para o Youtube, mesmo com a irritante overdose de publicidade. No canal de notícias francês, France Info, uma curiosidade para lá de interessante: um casamento bem “especial”, na Índia de pitorescos costumes.

Soluções do além

A matéria era pequena. Apelamos para o vizinho Google e um texto de 5 de agosto de 2022, de Fernando Moreira. Chadappa e Shobha se casaram. Mas há uma diferença: os noivos estavam mortos. O casal morreu há quase 30 anos. Suas vidas chegaram a um fim abrupto quando eram apenas bebês.

Soluções místicas

Apesar de tudo, o dia do casal seguiu o mesmo ritual de casamento hindu de sete etapas que muitas noivas e noivos passam, o Saptapadi. O casamento foi realizado pelas duas famílias. Pretha Kalyanam (casamento dos mortos) é mais comum nos estados indianos de Karnataka e Kerala. 

Soluções e amuletos

Duas cadeiras cobertas por um lençol branco representaram os noivos. O casamento é realizado entre noivas e noivos que morreram com menos de 18 anos, para afastar a má sorte trazida às famílias se seus filhos e filhas falecidos não se casarem no além. Os Casamentos para os mortos também acontecem na China, Japão, Sudão do Sul e até na França.

Soluções e flores

Na Índia, a prática reunindo menores mortos entrou em declínio por causa da melhora na expectativa de vida e da redução da mortalidade neonatal. Outra notícia interessante, já que nossa primavera começa dia 22, é o “boom” das flores locais no Reino Unido.

Primavera para Camila Motta, desfilando sua beleza no novo empreendimento do Vila Galé, Alagoas. Foto: Edy Fernandes

Flores nacionais

O Reino Unido é o paraíso para os fãs de jardins. É também o berço de uma nova tendência: as flores da estação, produzidas localmente que cada vez seduzem mais clientes. Na Europa, as pequenas distâncias viraram tendência durante a pandemia porque os produtos de estação favorecem a economia local e reduzem o problema do transporte.

Flores reais

Os britânicos veneram três “coisas”: o chá, a Rainha e a jardinagem. Assim, as flores locais e os dias de “jardins abertos”, principalmente nas pequenas cidades, viraram febre. Os lucros dos produtores subiram 50% em três anos, considerando que as flores britânicas não são muito variadas; são menores, mais raras e caras por causa do clima da ilha que muda toda semana.

Flores mundiais

A Holanda tem fazendas muito maiores que a Inglaterra e, automatizadas, reduzem o número de empregados. Por isso é o maior produtor e comerciante de flores do mundo. Na Europa ainda se destacam Itália, Dinamarca e Alemanha. No mundo, a mesma Índia, China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e México. As exportações são dominadas por Holanda, Colômbia, Equador, Quênia e Etiópia.

Também no jardim, perdão, passarela do Vila Galé, Alagoas, Giselle Souto. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Mortos e flores nos lembraram de um texto muito propício e atual, assinado por Fernando Gabeira e publicado em 2009, “Flores, flores para los muertos”.

Tentaremos resumir o texto de Gabeira: “Sempre que os fatos ganham velocidade, costumo comprar um bloco de notas”.

“Anoto frases, idéias, intuições. A primeira frase que me veio à cabeça foi a da vendedora de flores que encerra um filme”.

“O pequeno bloco também tem ideias. Por exemplo: comparar a ditadura com o governo Lula. Uma neutralizou o Congresso pelo medo; o outro, pelo pagamento de mesada”.

“Ditadura e governo Lula violentaram a democracia reduzindo o Parlamento a uma ruína moral”.

“Anotei: chamar alguém do “Guinness”, o livro dos recordes, para saber se algum tesoureiro de qualquer partido do mundo se desloca com batedores de motocicleta e carros clones para iludir perseguidores”.

“Se algum tesoureiro partidário se desloca com jatos particulares, semanalmente; se introduz no palácio associação de empreiteiros que receberam R$ 1,1 bilhão”.

“Outro dia, quando me referi a um núcleo na Casa Civil como um bando de ladrões, uma jovem deputada do PT estremeceu”.

“Senti que não estava ainda preparada para essas palavras cruas”.

“A grande experiência eleitoral da esquerda latino-americana, admirada por uma Europa desiludida com Cuba e Nicarágua”.

“A grande novidade que verteu tintas, atraiu sábios, produziu livros e seminários, vai acabar na delegacia como um triste fato policial de roubo do dinheiro público e suborno de parlamentares”.

Se Gabeira não explica, explicamos nós.

No filme “Não tenho troco” (1990), a florista mexicana aeroporto grita "Flores! Flores para los muertos!" é uma referência.

Uma homenagem a “Uma Rua Chamada Pecado” (1951), onde uma florista mexicana grita a mesma frase do lado de fora do apartamento do personagem Stanley Kowalski.