Dolce Vita | sábado, 23 de dezembro de 2023

Liderando a "A Escola de Samba Unidos por BH 2024", o governador Romeu Zema, o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas Oliveira e o prefeito de BH, Fuad Noman. Foto: Divulgação/Secult/MG

Carnaval das Cinzas

Não temos espaço para recuperar as origens do Carnaval no Brasil. Porém, fatos recentes explicam o fenômeno. Há “séculos” Belo Horizonte e São Paulo eram os “túmulos do samba”, isto por causa de um desabafo do carioca e poeta Vinicius de Moraes sobre São Paulo. Outra longa e deliciosa história que não cabe aqui. No Carnaval, São Paulo ficava vazia e BH, deserta. Dois cemitérios.

Carnaval no carvão

Por outros vários motivos, esta maldição começou a mudar nos idos de 2012/13, espontaneamente. Ou seja, por única e exclusiva vontade do povo. E, pensando bem, tirando Salvador e Olinda, onde o Carnaval durava um mês ou mais, mesmo o Rio de Janeiro era comedido. Tinha blocos de carnaval, mas poucos, como Suvaco do Cristo, Banda de Ipanema e o mais antigo, Cordão do Boa Preta. O resto, escola de samba.

Carnaval na brasa

Tudo mui resumidamente, certo? Aqui, o “buraco é mais embaixo”. Em 2012/13, bem isoladamente, alguns bairros botaram o bloco na rua, principalmente em Santa Tereza. Em 2014 a febre alastrou-se e, salvo engano, um ano depois invadiu a cidade, principalmente a Zona Sul. A Savassi era invadida por blocos do Santo Antônio, por exemplo.

Carnaval no fogo

Desde então, os blocos se multiplicaram aos milhares, em BH, São Paulo e Rio, numa alegre, orgíaca e bagunçada confusão. A começar pela inexistente infraestrutura, banheiros químicos, etc. Ultimamente, BH em vez de exportar foliões, atrai milhões do interior e de outros estados. Isso por vários motivos, incluindo o clima mais ameno, nossa hospitalidade e a segurança. Sem esquecer a proximidade com cachoeiras e cidades históricas.

Em pleno Natal, a "Colombina", Bruna Schmidt. Foto:   Edy Fernandes

Fogo e gasolina

Mas como deixar o ótimo, melhor? Simples, juntando forças. É o que vai acontecer em 2024, com a união entre o Governo de Minas e a Prefeitura de BH, firmada dia 14, no Palácio da Liberdade. Entre dezenas de autoridades, incluindo o Reino do Carnaval, o governador de Minas, Romeu Zema; o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman e o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas Oliveira.

Fogo raro

União praticamente inédita. Tem tudo para dar certo, focando na expressiva geração de empregos e renda, sem esquecer a festa, o Carnaval, um dos caminhos das pedras preciosas para o maior tesouro de Minas, o Turismo. É minas líder no Brasil e sambando para, brevemente, ter também o maior Carnaval. Por que não? Para começar, em 2022, nenhuma ocorrência relevante de crimes em grandes aglomerações. Viva a Polícia Militar de Minas Gerais.

Em pleno fim de ano, a Princesa do Carnaval, Kênia Laerte. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*A aposta da Belotur – Empresa Municipal de Turismo, segundo o presidente Gilberto Castro é quebrar todos os recordes de público em 2024.

Esperamos correligionários de Momo vindos do interior, do Brasil e do exterior.

Mas, 6,7 milhões de pessoas nas ruas de uma cidade que já espreme 2.316.560 habitantes? E a tal mobilidade urbana?

A não ser que esta conta sugira que uma mesma pessoa pode participar de vários blocos e a somatória destas participações, chegue a 6,7 milhões.

Vanessa Almeida. Foto: Edy Fernandes

E os 20 mil quartos de hotéis já lotados?

Se considerados os quartos de hotéis das 13 cidades vizinhas a BH, ligadas umbilicalmente, o número chega a 50 mil vagas.

Ou seja, só nos meios de hospedagem oficiais podemos contar 200 mil pessoas de fora.

Torçamos para que tudo dê certo e que este espírito desbravador invada outra data capital: o Réveillon, ainda muito tímido.